Adolescentes
Segundo a Organização Mundial de Saúde, em 2012 morreram no planeta aproximadamente 56MM de pessoas. Guerras mataram 120M, o crime matou 500M e 800M cometeram suicídio.
Prevenção ao Suicídio
As rodas de conversas incentivam adolescentes a falar sobre seus sentimentos e angústias, desenvolvendo uma escuta empática entre colegas, de maneira a criar grupos de apoio mútuo. Quando incentivados a relatar conflitos do quotidiano, questões familiares surgem com frequência. A rebeldia típica da adolescência pode ser valorizada, reforçando-se o saudável desejo de diferenciação em relação a aspectos do sistema familiar. Simultaneamente pode ser enfatizado que os pais são os responsáveis pela vida e fonte fundamental de força para o jovem. Repetindo Hellinger, pais são sempre grandes em relação aos seus filhos, pois chegaram antes na ordem da vida. Não somente sou parecido com meus pais, mas por uma questão de herança genética, sou 50% meu pai e 50% minha mãe.
Combate à violência
Em março de 2019 o Brasil se viu de luto por uma tragédia na cidade de Suzano/SP, quando dois adolescentes entraram numa escola pública, mataram oito pessoas e se suicidaram. Qual o papel do mediador sistêmico? “Precisamos olhar para as vítimas: os alunos mortos, também os que mataram, os que presenciaram a tragédia e suas famílias. Somos todos vítimas. Como mediador, insisto em olharmos para a tragédia, falarmos sobre os sentimentos envolvidos, em particular a dor e o luto. Não devo procurar culpados. Me interessa conversar sobre o que cada um de nós pode fazer para promover uma cultura de paz, onde todos são vistos e aceitos da forma como são. Toda ação gera consequências, em particular as minhas, e sobre isso devemos dialogar. Ninguém pode ser excluído
Crianças
O que faz o Mediador?
Ele age de forma contrária ao Juiz. Ele evita julgamentos.
O que acontece quando uma criança de oito anos espanca seu colega de sala com violência? Ele é levado para a Diretora que costuma chamar os pais e ameaça-lo de expulsão. O agressor é o único culpado. A mediação entende que numa agressão normalmente existem vários culpados. Qual foi o motivo de uma atitude tão violenta? A vítima chamou o agressor por um nome que ele detesta (bullyng). Essa descoberta não justifica a agressão, mas abre possibilidades para a prevenção de novos conflitos. E se outros colegas chamam a criança agressora por esse mesmo nome? A prevenção de conflitos é responsabilidade de toda a comunidade.
Mesmo reconhecendo que existe algum nível de responsabilidade em todas as partes envolvidas no conflito escolar, qual o próximo passo, quando um aluno agride violentamente o colega?
Conversamos com o agressor e com a vítima em separado. Em seguida, na roda com toda a turma, pedimos que os alunos digam opções de reação quando um colega lhe chama pelo apelido que ele detesta. Listamos na cartolina as alternativas que surgem, desde pedir ao colega para parar, até dar-lhe um soco na sua cara, entre várias outras. Como não fazemos julgamento, explicamos que não há uma reação certa e outra errada, somente que toda atitude gera consequências, e cabe à criança fazer sua escolha. Explicamos também que a vítima merece alguma compensação pelo dano desproporcional sofrido. Pedir desculpas não é compensação aceitável. A professora mantém as listas afixadas na sala. Sempre que um conflito se inicia ela mostra para as crianças os consensos que eles próprios alcançaram. Em diversos casos, a criança agressora vê em casa conflitos seguidos de agressão e se mostra surpresa com a possibilidade de reações diferentes. Segundo as professoras, algumas crianças simplesmente não agridem mais, seja porque descobriram formas alternativas de resolver seus conflitos, seja porque não querem se ver obrigadas a oferecer compensações reais.
O que fazer quando uma criança de oito anos agride com frequência e nunca se arrepende?
Esse comportamento pode estar expressando uma lealdade aos pais. O olhar do mediador evita julgamentos. Culpar a família só vai acentuar a violência. A criança é leal aos pais, mas deseja também ser amada pelos colegas de sala. Podemos explicar que na escola existe uma regra: para reconstruir a amizade, a criança que agride deve oferecer alguma compensação para a vítima. Mas quais compensações? Podemos construir uma lista de alternativas com toda a turma, de preferência antes mesmo de uma agressão acontecer. Essa lista deve ficar afixada em área nobre da sala de aula. Se uma criança bate com violência, a compensação precisa ser discutida de imediato e o resultado depende da aceitação da vítima. Pedir desculpas não é compensação aceitável. Entre as compensações possíveis podemos sugerir escrever um bilhete ou desenho em sinal de arrependimento, dar uma figurinha do álbum, parte do lanche ou ajudar o amigo no exercício.
O que fazer quando uma criança de 13 anos não consegue aprender, já tendo sido reprovada três vezes seguidas no terceiro ano?
A autoestima dessa criança pode ser melhorada quando trazemos simbolicamente seus pais para dentro da sala. Podemos pedir que ela faça um desenho dos pais que será afixado na parede. Sempre que a criança se sentir desanimada ou mesmo na hora da prova, podemos incentivá-la a ir até o desenho para tomar a força de seus pais. A educadora Hellen Vieira da Fonseca utiliza a imagem de um fio invisível que liga o coração da criança ao coração de seus pais, ainda que eles estejam em outra cidade, na penitenciária ou mesmo mortos. O uso de tais técnicas tem obtido resultados surpreendentes. Recentemente propusemos a uma turma de alunos com déficit de aprendizagem que fechassem seus olhos e se conectassem a seus pais pelo fio invisível, que sentissem seu cheiro, sua presença e que pedissem sua ajuda para realizar algumas contas matemáticas elaboradas pela professora. Ao final, uma das crianças me chamou e disse ao meu ouvido: Minha mãe me soprou o resultado.